HISTÓRIA CONCISA DA LINGUÍSTICA
INTRODUÇÃO
Segundo Barbara Weedwood, a Linguística ficou conhecida por
meados de 1950, por predomínio de Ferdinand Saussure.
A linguística é uma ciência geral que estuda os mais
variados tipos de fatos de natureza moral ou social da linguagem, além disso,
também estuda as gramáticas tradicionais e a filologia.
No entanto pode-se observar uma grande distinção entre
linguística e filologia, pois a linguística se preocupa em estudar a língua, ou
seja, ela trabalha sob o ponto de vista da sincronia em detrimento da diacronia
desprezando o sintagmático ao paradigmático, já a filologia prioriza a fala,
trabalha sob ponto de vista da diacronia e dispensa maior atenção à qualidade e
dados concretos, ou seja, é o estudo dos textos e das linguagens antigas.
A filologia se difere da linguística por que estuda
textos-escritos literários enquanto a linguística embora não despreze a
escrita, volta-se intensamente para a linguagem oral.
Barbara Weedwood diz que o campo da linguística pode ser
dividido por meio de três dicotomias, que são elas:
Sincrônica que faz um recorte na linguagem e a estuda em
determinada época, e a linguística diacrônica que estabelece um estudo da
linguagem durante o transcorrer do tempo, isto é, a perspectiva diacrônica
determina um estudo histórico da linguagem, no transcorrer de distintas épocas,
visando à descrição da evolução linguística.
A linguística teórica tem como objetivo estudar como as pessoas usando
suas particulares linguagens conseguem realizar comunicação, quais propriedades
todas as linguagens têm em comum, qual conhecimento uma pessoa deve possuir
para ser capaz de usar uma linguagem e como a habilidade lingüística é
adquirida.
Já a linguistica aplicada, tem
como objetivo um estudo que identifica, investiga e oferece recursos para
solucionar problemas, geralmente referentes ao ensino de línguas, à tradução ou
aos distúrbios de linguagem.
A microlinguística trata
unicamente de sistemas lingüísticos, ou seja, tem uma visão mais estreita e a
macrolinguística trata de tudo o que é pertencente às línguas, isto é, tem uma
visão mais ampla.
Pode-se dizer portanto que dentro da microlinguistica estão incluso os
estudos que se preocupam com a” lingua em sí”, por exemplo: fonética e
fonologia , sintaxe, morfologia, semântica e lexicologia.
Dentro da macrolinguistica também pode-se destacar diversas áreas como:
psicolinguística, sociolinguística, linguística
antropológica, dialetologia, linguística matemática e computacional,
estilística etc.
Weedwood enfatiza que o sânscrito, a lingua sagrada da Índia se tornou
conhecido do mundo intelectual através dos tres modos de impacto desta lingua
sobre a ciência linguítica moderna. Por esse motivo aconteceu o surgimento da
gramática comparativa indo-européia, e daí despontou os fundamentos para a
construção da filologia comparativa e da linguística histórica do século XIX.
Segundo a autora, para essa construção , o sânscrito era meramente parte
dos dados; o ensinamento gramatical indiano não exerceu nenhum papel dominante direto.
Os estudiosos do século XIX, todavia, distinguiram que a noção de fonética da
Índia antiga era largamente superior ao conhecimento ocidental neste campo com
isso houve extraordinárias consequências para o desenvolvimento da ciência
fonética no Ocidente.
1.LINGUISTICA E SUA
HISTÓRIA
Para Barbara weedwood a historia da linguistica é pensada a cada passo
como uma disciplina muito nova. Pois esta só se tornou conhecida há algumas
décadas. Porém os seres humanos estudam a linguagem desde o aparecimento da
escrita, e também muito antes disso.
A autora dar exemplos de que na Índia antiga, a investigação da fonética
articulatória deu-se por motivo de conservar viva a pronúncia exata dos textos
religiosos ancestrais. Por outro lado na Grécia clássica a grande preocupação
era manter um vocabulário técnico e conceitual para ser empregado na análise
lógica das preposições e teve como resultado um sistema das partes do discurso que
findou tendo uma evolução que excedeu em muito as cobranças adjacentes dos
filósofos que no entanto sentiram a necessidade de tais categorias.
Barbara Weedwood diz que a linguística na definição pós-saussuriano
passou a ser classificada como uma disciplina diferente dos estudos de
linguagem dominantes do século XIX, como a filologia comparativa e a histórica,
além disso encontrou seus historiadores.
2. A TRADIÇÃO OCIDENTAL
ATÉ 1900
Segundo Barbara Weedwood a
história registrada da linguística ocidental começou em Atenas. E teve como
primeiro estudioso da linguagem o filósofo europeu Platão. O primeiro questionamento no mundo ocidental feito sobre a linguagem
tentava determinar se ela era fonte de conhecimento ou era um meio,
simplesmente, uma comunicação. Entretanto algumas ideias foram emprestadas de
fontes externas como: da tradição judaica, da linguística hebraica e árabe e da
Índia por volta de1800. Porém a tradição ocidental tinha seu próprio nível de evolução.
A abordagem que os gregos faziam era na tentativa de
descobrir a origem das palavras, se provinham de uma natureza ou de uma
convenção.
Neste diálogo três personagens debatiam a questão, ou seja, o Crátilo que diz que a língua espelha exatamente o mundo, o Hermógenes que diz que a língua é arbitrária e Sócrates que faz um balanceamento das duas teorias anteriores. Portanto estabeleceu-se que a relação das palavras com as coisas não era direta e sim indireta, todavia ainda faltava determinar a natureza delas.
Neste diálogo três personagens debatiam a questão, ou seja, o Crátilo que diz que a língua espelha exatamente o mundo, o Hermógenes que diz que a língua é arbitrária e Sócrates que faz um balanceamento das duas teorias anteriores. Portanto estabeleceu-se que a relação das palavras com as coisas não era direta e sim indireta, todavia ainda faltava determinar a natureza delas.
Já Aristóteles um aluno e
seguidor de Platão, pensando no processo da linguagem, determinou tres etapas,
onde estabeleceu-se que os signos escritos representam os signos falados, os
signos falados representam impressões na alma, e as impressões na alma são a
aparencia das coisas reais. Os estóicos e alguns estudiosos a crescentaram em
sua pesquisa mais uma etapa entre a impressão e a fala, o conceito como sendo
uma noção que pode ser verbalizada.
O conceito foi estabelecido como um lógos um enunciado significativo
dirigido pelo pensamento racional. Daí surgiu o léxis que não precisava
obrigatoriamente ter significados. Desde então com as pesquisas se aprofundando
os enunciados foram sendo estudados cada vez mais em menores partes. Platão as
classificou em funcional e semântica e não formal.
A autora resalta que Platão delimitou a “ónoma” que significa nome e corresponde ao sujeito. E a “rhema”
que significa palvra ou frase e
corresponde ao predicado, ou seja, verbo mais adjetivo. Depois de algum tempo Aristóteles,
seguidor de Platão e os estóicos delimitaram mais algumas classes, tais como: o
“sýndesmos” (conjunção), que não tinha caso e nem juntava o texto, e o
“arthron” (artigo), que tinha caso e se diferenciava no número e genero dos
nomes.
Apartir de então estes estudos e pesquisas foram ainda mais
classificados podendo distingui-los como “metoche” (particípio), isto é, parte
do discurso que recebe artigos, nomes ou flexões de tempo como o verbo, a “antonomásia” (pronome), ou seja, que é usado
no lugar de um nome, o “próthesis” (preposição), só tem uma forma colocada
antes de um novo discurso, é definida como uma parte do discurso que tem
somente uma forma (invariável), “ephírrhema” (advérbio), uma só forma colocada
antes ou depois do verbo e indica muitas situações.
Em todas essas
definições mostram a ênfase dos gregos nos aspectos de significados do
enunciado (semântica). Posteriormente o estudioso Apolônio Díscolo fez um
estudo mais profundo da sintaxe grega dando alguns diferentes níveis de linguagem,
essa regras podem ser aplicadas as sílabas, a ortografia, podendo recuperar uma
palavra mal grafada, e a sintaxe pode recuperar a estrutura verdadeira de uma
frase. Suas ideias tiveram uma participação indireta Pré-ocidentais. Os estudos
gregos não foram transpostos para o latim da antiguidade diuturna dificultando
a análise desse material. Porém algumas ideias gramaticais gregas foram
filtradas pelos romanos, como a de teoria da frase auto-suficinete, que se
limitou em estudar a frase isoladamente e essa ideia permaneceu até os dias de
hoje, e pode-se observá-las quando nas gramáticas contemporâneas a sintaxe é
estudada com frases soltas. Todavia outros estudos veem a necessidade da frase
ser gerada em um contexto.
Barbara Weedwood
também fala sobre a teoria da littera, onde alguns estudiosos como os estóicos
a descrevem como uma entidade com três propriedades: seu nome (nomen), sua
forma ou aspecto escrito (figura), e seu som ou valor (potestas). Outros
estudiosos como Platão e Aristóteles dizem que litterae, ou melhor, a letra se
manifesta em forma de vogais → consoantes → semivogais → mudas.
3. A LINGUÍSTICA NO SÉCULO XIX
Segundo Weedwood o método comparativo foi um dos
estudos linguísticos mais importantes do século XIX, através dele puderam-se
comparar os sistemas fonéticos, estrutura gramatical e vocabulário e assim
comprovar que eram “genealogicamente” apresentadas. Através do método
comparativo foi possível se estabelecer uma língua materna, o indo-europeu, que
seria o tronco linguístico de um grupo de línguas da Europa e da Ásia. O mesmo
método aplicado às línguas românicas possibilitou o estabelecimento da origem
comum destas línguas em uma linguística denominada latim vulgar.
O desenvolvimento do método comparativo se deu exclusivamente
ao final do século XVIII, quando então a língua sânscrita já não era mais
falada e era preservada somente na escrita.
Barbara coloca que um dos linguistas mais originais e que
trouxe grandes contribuições em todo o século XIX foi o diplomata alemão
Wilhelm Von Humboldt, ele destacou o vínculo que havia entre línguas nacionais
e caráter nacional, o que por sua vez era um lugar comum do movimento românico.
Segundo Humboldt, uma língua não é uma coleção de enunciados organizados pelos
falantes, e sim a origem subjacente que permite aos falantes produzir tal
enunciado, ou melhor, um número ilimitado de enunciados.
A linguística histórica que Saussure chamou de diacrônica no
século XIX, se preocupou em deixar claro que o português do século XV é
diferente do português do século XXI. Sendo fica evidente que a comparação é um
meio para conhecer a história das línguas e estabelecer famílias linguísticas.
Já o método comparativo na linguística histórica se preocupa
com a evolução das línguas e não como elas funcionam, ou seja, trata de
estabelecer um estágio mais antigo da língua com fundamentos na comparação das
palavras e expressões compostas em distintas línguas ou dialetos procedidos
dela. O método comparativo implica em comunidades de fala linguisticamente
igual e um progresso independente de uma separação brusca e radical.
4. A LINGUÍSTICA NO
SÉCULO XX
Neste capitulo observou-se que a linguística do século XX
abordava as questões das épocas antecedentes entre o foco “universalista” e o
foco “particularista” na abordagem dos elementos da língua e da linguagem.
Weedwood diz que o termo estruturalismo tem implicações
diferentes segundo o contexto em que é empregado, sendo assim é necessário
diferenciar o estruturalismo europeu e o americano, e posteriormente tratá-los
isoladamente.
Diz ainda que o marco inicial da linguística estrutural na
Europa foi a publicação póstuma do Curso de Linguística Geral de Ferdinand de
Saussure. Pois muito do que hoje se considera saussuriano pode ser visto no
trabalho anterior de Humboldt, que se referia em termos de sua própria
descrição da forma interna e externa do sistema.
Segundo Weedwood, o estruturalismo de Saussure pode ser resumido
em duas dicotomias que são elas: langue em oposição a parole e forma em
oposição a substância, sendo que langue representa um “sistema linguístico” e
parole “comportamento linguístico” desse
modo pode-se destacar dois pontos essenciais: o primeiro, que a abordagem estrutural não fica restrita â
linguística sincrônica; e o segundo, que tanto o estudo do significado quanto o
da fonologia e da sintaxe podem ter uma orientação estrutural. Em ambos os
casos, “estruturalismo” se opõe a “atomismo” na literatura europeia. Os linguistas americanos e europeus daquele
século tenderam a enfatizar a incomparabilidade estrutural das línguas
individuais. A partir do final do século XIX, haviam nos Estados Unidos várias
línguas indígenas não registradas e a descrição dessas línguas poderia ficar
distorcida se fosse analisada pela categoria indo-européia.
A autora classifica dois linguistas americanos como mais
influêntes nesta época que são Edward Sapir, que fez a junção da antropologia e
da linguística, o que atraiu os linguistas americanos, e essa vertente é
ensinada até hoje em universidades americanas. E Leonardo Bloomfield, que ao
publicar language eliminou toda referência a categorias mentais ou conceituais,
já que dava uma abordagem behaviorista do estudo da língua. Para ele, o
significado é simplesmente a relação entre um estímulo e a reação verbal. Uma
das características mais marcantes do estruturalismo americano é o desprezo que
Bloomfield tinha pela semântica. Além disso, outro aspecto característico dessa
época foi sua experiência de estabelecer uma linha de técnicas de descoberta,
que por sua vez era muito criticada por Chomsky.
Chomsky foi professor de linguística no MIT (Massachusetts
institute of tecnology). A partir do século XX com seu trabalho, a gramática
gerativo-transformacional, ele desenvolveu conceitos e trouxe um elemento novo,
o de que a linguagem humana é criativa, e de que a capacidade, ou seja, a
competência de uma pessoa com bom grau de instrução, através da qual ela
consegue produzir um número ilimitado de frase, é que determina a
gramaticalidade ou a aceitabilidade da língua. Portanto pode-se dizer que a
gramática gerativo-transformacional representou um movimento em oposição ao
então predominante estruturalismo. Outro ponto importante da proposta de
Chomsky foi a elaboração de um aparato técnico para tornar claro o conceito de
competência e também o princípio de normas e comparações que proporciona um
aspecto formal da composição sintática, semântica e fonológica dos enunciados.
Desde então esse conceito primordial fez com que a abordagem da regra
transformacional fosse designada como gramática transformacional.
Barbara Weedwood também fala em seu livro “História concisa
da linguística” sobre: A Escola de Praga e o Funcionalismo, segundo ela a
Escola de Praga como hoje é conhecida, teve um grupo muito grande de pesquisadores,
dentre eles europeus, que por mais que não estivessem diretamente ligados ao
Círculo de Praga, tiveram como inspiração, o trabalho de alguns estudiosos
como: Vilém Mathesius, Nikolai Trubetzkoy, Roman Jakobson e outros que baseados
em Praga da década que antecedeu a II Guerra mundial.
Uma das características mais importante da “Escola de Praga
foi sua combinação de estruturalismo com funcionalismo”. O estruturalismo era
usado de diferentes maneiras dentro da linguística. Aqui devemos entendê-lo
como uma análise da variedade de papéis exercidos pela língua e uma noção
teórica de que a estrutura das línguas é, na sua maior parte, definida por suas
funções características. Já o funcionalismo, tomado neste sentido, despontou
dos postulados mais exclusivos da teoria da Escola de Praga. Algumas
características marcantes do funcionalismo eram: a função cognitiva da
linguagem, a função expressiva e a função conativa.
A partir daí surge então a guinada pragmática, que foi
quando alguns linguistas se preocuparam mais diretamente ao uso que os falantes
fazem da língua, ou seja, os linguistas se preocuparam em conhecer mais a fundo
o que e porque houve diferença no uso da língua, de que forma ela se manifestou
e quais os efeitos que ela teve sobre o público ouvinte.
REFERÊNCIA:
WEEDWOOD, Barbara. História concisa da linguística / Marcos Bagno. — São Paulo: Parábola Editorial. 2002.
Muito bem elaborada a publicação.
ResponderExcluirObrigado
ResponderExcluirAmo esse resumo!
ResponderExcluirPerfeito
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